Segundo o Ministério da Saúde, uma em cada seis gestações termina em aborto no país. Em relação a 2023, os dados apontam um aumento de quase 9%. Já na comparação com 2019, primeiro ano sob a nova lei, o crescimento chega a 62,8%.
Além disso, os números podem ser ainda maiores, pois nem todos os hospitais enviaram os dados completos.
O relatório mostra que 98,7% dos abortos não envolvem risco à vida da gestante, nem condições fatais no feto. Portanto, a maioria das interrupções de gravidez ocorre por decisão da mulher, sem fatores médicos graves.
Em janeiro, os registros alcançaram o pico de 1.056 abortos. Já em fevereiro, o número caiu para 820, o menor índice do ano.
Mesmo com o serviço disponível no país, cerca de 240 mulheres irlandesas viajam todo ano ao Reino Unido para realizar abortos, conforme aponta o Conselho Nacional das Mulheres.
Grupos pró-vida reagiram aos dados com preocupação. Para Eilís Mulroy, porta-voz da Pro Life Campaign, os números “assustam profundamente”.
“O governo se recusa a discutir soluções ou mesmo ouvir propostas para reduzir os abortos. Isso precisa mudar com urgência”, afirmou.
Ciarán Kelly, diretor do Christian Institute, também condenou os dados:
“Cada vida tem valor. Matar quase 11 mil nascituros é uma tragédia.”
Os números da Irlanda vieram à tona pouco depois de uma mudança significativa no Reino Unido. A Inglaterra e o País de Gales descriminalizaram o aborto em qualquer estágio da gravidez, inclusive até o nascimento.
Atualmente, a lei britânica permite o aborto até a 24ª semana. Após esse prazo, o procedimento só é autorizado em situações específicas, como risco à vida da mulher.
Dawn McAvoy, líder do movimento pró-vida Both Lives UK, criticou a decisão:
“Isso não é cuidado com a saúde. É abandono.”